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Pesquisadores brasileiros criticam estudo de coorte que buscou associar fluoretação da água e inteligência
A possível associação da exposição à água fluoretada com os mais diferentes efeitos adversos sobre a saúde humana, até o momento não comprovada, com a conhecida exceção da fluorose dentária, tem levado à produção de estudos que se avolumam na literatura científica. Muitos desses estudos têm má qualidade e sua publicação não resiste às críticas da comunidade acadêmica. Outros, embora apresentem problemas metodológicos ou de interpretação dos resultados, são publicados em revistas com credibilidade e, por essa razão, acabam tendo alguma repercussão entre pesquisadores e interessados no assunto.
É o caso de um estudo de coorte realizado no Canadá que avaliou a associação entre exposição de gestantes a fluoreto (F) e inteligência (QI) da prole aos 3-4 anos de idade. Tão logo foi publicado, começaram a ser divulgadas interpretações alarmistas nas redes sociais, insinuando que o F adicionado à água reduz a inteligência de crianças.
Pesquisadores brasileiros, das Universidades do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), Federal do Pará (UFPA) e de Campinas (UNICAMP) avaliaram a qualidade da evidência produzida pelo estudo canadende e concluíram que o trabalho apresenta viés de seleção e de informação e confundimento residual, com potencial de comprometer a validade dos resultados. Por essa razão, "o estudo não proporciona evidência robusta sobre exposição ao fluoreto e diminuição da inteligência" e recomendaram que a conclusão do trabalho não seja "extrapolada como suporte científico para propostas de mudanças na fluoretação da água de abastecimento público". Para ter acesso ao texto integral da análise dos pesquisadores brasileiros (Oliveira BH, Cruz LR, Normando D, Cury JA. Fluoreto e inteligência: avaliação crítica de um estudo de coorte prospectivo. RCCRORJ. 2021;6(1):2-11), clique aqui.